terça-feira, 27 de outubro de 2009

Brian Eno - Here Come the Warm Jets - 1973


"Here Come the Warm Jets" é o primeiro trabalho solo do genial compositor, tecladista, guitarrista e cantor britânico Brian Eno. Brian Eno é mais lembrado pela sua participação no Roxy Music e pelas suas fantásticas e memoráveis parcerias com o guitarrista Robert Fripp "No Pussyfooting" (1973), "Evening Star" (75), "Equational Stars" (2004). Também tocou com outros grandes artistas como David Bowie e David Byrne, além de inúmeras participações especiais em outras obras como "Peter and the Wolf" (aqui postado), "801 Live" (Phil Manzanera, Eno, Lloyd Watson, Francis Monkman, Bill MacCormick e Simon Phillips) dentre outros que não cabe agora mencionar.

Sua vasta discografia (Eno esta na ativa ainda hoje), inviabiliza qualquer tentativa de classificar sua música. Dependendo do álbum, poderia ser classificado como Rock Experimental, Música Ambiente, Eletrônica, Glam Rock, Progressivo ou qualquer outro rótulo. Na verdade, tanto faz, são apenas rótulos incapazes de traduzir o espírito inovador, original e experimental desse grande genio.

Concomitante ao experimentalismo do "No Pussyfooting" com Robert Fripp, Eno lança o "Here Come the Warm Jets" que para mim é particularmente especial, não apenas por ter sido incluído na programação da Eldo Pop, mas por conter clássicos do Rock como a lendária "Baby's on Fire", onde a participação de Fripp é "devastadora", "Driving Me Backwards" com uma base angustiante e instrospectiva, Fripp e Eno aproveitam-se da temática para nos agraciar com mais uma seção repleta de lisérgicos solos vocais e de guitarras, além das também geniais; "Needles in the Camel’s Eye ", "Cindy Tells Me", "Blank Frank", "Dead Finks Don’t Talk" e "Some of Them Are Old". Enfim, trata-se de um álbum clássico, merecedor de um lugar de destaque em qualquer coleção de respeito.

Here Come the Warm Jets - 1973

Músicas
01. Needles in the Camel’s Eye
02. The Paw Paw Negro Blowtorch
03. Baby’s on Fire
04. Cindy Tells Me
05. Driving Me Backwards
06. On Some Faraway Beach
07. Blank Frank
08. Dead Finks Don’t Talk
09. Some of Them Are Old
10. Here Come the Warm Jets

Músicos:
* Brian Eno: vocais, sintetizadores, guitarra, teclados
* Robert Fripp: guitarra nas faixas 3, 5, e 7
* Phil Manzanera: guitarra nas faixas 1, 2, e 4
* Chris Spedding: guitarra nas faixas 1 e 2
* Paul Rudolph: guitarra nas faixas 3 e 10, baixo nas faixas 3, 5 e 10
* Lloyd Watson: guitarra slide na faixa 9
* Bill MacCormick: baixo nas faixas 1 e 7
* Busta Jones: baixo nas faixas 2, 4, 6 e 8
* John Wetton: baixo nas faixas 3 e 5
* Chris Thomas: baixo extra na faixa 2
* Nick Judd: teclados nas faixas 4 e 8
* Nick Kool & the Koolaids: teclados na faixa 7
* Andy Mackay: teclados nas faixas 6 e 9, saxophone na faixa 9
* Marty Simon: percussão nas faixas 2, 3, e 4
* Simon King: percussão nas faixas 1, 3, 5, 6, 7 e 10
* Paul Thompson: percussão na faixa 8
* Sweetfeed: backing vocals nas faixas 6 e 7

[Obrigado = Thanks]

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FM- Black Noise (1977)

De origem Canadense, o "FM" nesse seu primeiro trabalho "Black Noise (1977)" é formado por Cameron  Hawkins no vocal principal, baixo, piano e sintetizadores, Martin Deller na bateria, percussão e sintetizadores e Nash the Slash no  violino elétrico, vocais, glockenspiel e bandolim. Pode parecer estranho a inexistência da guitarra, no entanto, os teclados de  Hawkins e os violinos e o bandolim de Nash the Slash, suprem essa ausência com tranquilidade. Também não dá para deixar de comentar o excelente desempenho de Deller, o cara saca tudo de bateria e leva a banda com muita competência, habilidade e disposição.

O FM possui uma discografia de respeito composta por: "Black Noise (77)", "Headroom (78)", "Surveillance (79)', "City Of Fear (80)", "Con-Test (85)", "Tonight This Time (87)" e "RetroActive (95)". Infelizmente só conheço os três primeiros, não podendo opinar sobre os demais trabalhos, lançados após 1979. No entanto, o trabalho aqui postado é o que mais me agrada dentre os três primeiros.

Para ser honesto, conheci esse trabalho do FM (lá em 1978) numa visita que fiz à um amigo. A princípio não levei fé na banda, por tratar-se de um trio sem um baixista "oficial" e sem guitarrista. Embuído de  flagrante preconceito, logo pensei que ouviria qualquer coisa, menos um bom progressivo. Enganei-me totalmente. O trabalho dos caras me impressionou tanto, que não exitei em gravar o material numa fita K7 que por sorte havia levado comigo.

Inquestionavelmente o FM tem personalidade própria, arranjos magníficos, virtuosos teclados, uma bateria excepcional, belos solos de violino, vocais muito bem elaborados e de bom gosto, mas a título de mera exemplificação, não se trata de similaridade sonora, apenas me lembra em determinados e ventuais momentos, ainda que vagamente, Starcastle, Druid e Yes.

Black Noise (1977)

Músicas:
01 - Phasors on Stun
02 - One O'Clock Tomorrow
03 - Hours
04 - Journey
05 - Dialing for Dharma
06 - Slaughter in Robot Village
07 - Aldebaran
08 - Black Noise

Músicos:
Cameron Hawkins: Vocal, Baixo e sintetizadores
Martin Deller: Bateria
Nash the Slash: Violino elétrico e bandolim

[Obrigado = Thanks]

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Jerry Goodman - Ariel - 1986

Jerry Goodman violinista estado-unidense (ex- The Flock e ex- Mahavishnu Orchestra), é um dos violinistas de Fusion e de Progressivo que mais me identifico. Sem desmerecer os inquestionáveis méritos de Jean Luc Ponty, Allen Sloan (Dixie Dregs), Darryl Way (Curved Air, Wolf), Stephane Grappeli, David Cross (King Crimson), Ray Shulman (Gentle Giant), dentre tantos outros que deixo de consignar,  Jerry Goodman é "O Cara do violino". Desde que conheci seu trabalho na formação original da Mahavishnu Orchestra, sua linha melódica, sua originalidade e seu virtuosismo sempre me chamaram a atenção.

Durante os anos 1985-1987, lançou-se em uma carreira solo, que resultou em três trabalhos: "On the Future of Aviation (85)", "Ariel (86)" e "It's Alive (87)", dos quais, escolhi o Ariel como melhor referência desse período Fusion com algumas pitadas de Progressivo. No entanto, não posso deixar de recomendar o “On the Future of Aviation - 1985” que igualmente não pode deixar de ser adquirido.

Ariel em linhas gerais mostra-se suave e contemplativo como em "Lullaby For Joey" e "Once Only", no entanto, em diversas passagens revela-se narrativo e forte como em "Topanga Waltz", "Broque" e "Rockers" Trata-se de um trabalho que prioriza os arranjos e a estrutura melódica, devendo ser degustado com serenidade e atenção aos detalhes. Apenas a título de comentário, "Going on 17", "Tears of Joy" são altamente viajantes, uma mistura perfeita do Fusion com o Progressivo, onde não faltam os grandiosos solos do excepcional  Jerry.

Ariel (1986)

Músicas:
01. Going On 17
02. Tears Of Joy
03. Lullaby For Joey
04. Topanga Waltz
05. Broque
06. Rockers
07. Once Only

Músicos:
Jerry Goodman: Violinos acústico e elétrico, Guitarra
Kraig McReary: Guitarra
Bob Lizik: Baixo
Jim Hines: Bateria e Percussão
Fred Simon: Piano acústico e Sintetizadores
Jeffery [CJ] Vanston: Sintetizadores

[Obrigado = Thanks]

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Bill Bruford - One of a Kind - 1979


Bill Bruford, para quem não se recorda, foi baterista do Yes (68-72), King Crimson (72-74), Gong (74-75), U.K. (77-78), Genesis (77), e entre os anos de 1978 a 1980 dedicou-se a carreira solo, desenvolvendo um trabalho puramente fusion. Depois voltou a tocar com King Crimson, desenvolveu dois trabalhos com Patrick Moraz e por ai vai.

Durante sua carreira solo lançou quatro trabalhos: "Feels Good To Me (77)", "One of a Kind (79)", "The Bruford Tapes (79, Live)", "Gradually Going Tornado (80)". No entanto, no meu entender, o trabalho aqui postado (APE*) é o melhor trabalho solo do Bill Bruford, não podendo, entretanto, deixar de mencionar e recomendar o "Feels Good To Me (77)", que embora contenha excelentes composições, nota-se que a banda ainda não estava totalmente entrosada.

Muito bem elaborado e muito bem arranjado, repleto de passagens empolgantes e de grande virtuosismo, a banda é formada por músicos de primeira categoria. Com Jeff Berlin no baixo e vocal (notório discípulo do saudoso Jaco Partorius), Allan Holdsworth na guitarra (ex-Soft Machine, Gong, UK dentre outros), e Dave Stewart  nos teclados (ex-Egg, Khan, National Health), as feras não deixam por menos e inquietantemente demonstram muita competência, habilidade e virtuosismo, com belíssimos solos e acompanhamentos repletos de grande complexidade, criatividade e originalidade.

Trata-se de uma obra com uma sonoridade puramente Fusion, mas altamente recomendada para aqueles que gostam de um bom Progressivo.

One of a Kind (1979)

Músicas:
01. Hell's Bells
02. One of a Kind, Pt. 1
03. One of a Kind, Pt. 2
04. Travels With Myself - And Someone Else
05. Fainting in Coils
06. Five G
07. The Abingdon Chasp
08. Forever Until Sunday
09. The Sahara of Snow, Pt. 1
10. The Sahara of Snow, Pt. 2

Músicos:
Bill Bruford - bateria e percussão
Jeff Berlin - baixo e vocal
Allan Holdsworth - guitarra
Dave Stewart - teclados

[Obrigado 1 = Thanks 1] 
[Obrigado 2 = Thanks 2]

O Formato *APE é um  compressor de audio, muito eficiente, além de não haver perda de informação na compactação, possibilita uma taxa de compressão muito elevada.Após descompactados, os arquivos estarão no formato wave.
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Greenslade - Spyglass Guest - 1974

Essa banda inglesa, formada por Dave Greenslade (ex-Colosseum), Tony Reeves (ex-Colosseum), Dave Lawson, Andrew McCulloch (ex-King Crimson -"Lizard"), possui com essa formação quatro magníficos trabalhos: Greenslade (73), Bedside Manners Are Extra (73), Spyglass Guest (74), Time and Tide (75), dos quais, meus prediletos são: "Spyglass Guest", "Bedside Manners Are Extra" e "Greenslade", nessa respectiva ordem. Como cada um desses LPs possui características distintas, difícilmente encontraremos um concenso entre os apreciadores do progressivo, acerca do álbum mais expressivo dessa banda, que  explora com exemplar virtuosismo e competência o Progressivo, o Blues, o Rock e o Jazz. Particularmente, não creio que exista um determinado álbum dotado de especial relevância, que consiga exemplificar de forma única e incontestável a "alma" do Greenslade. Todos aqueles trabalhos possuem composições exemplares, mas analisando-se os trabalhos isoladamente, nenhum é excepcional.

Na minha opinião o "Spyglass Guest", embora, pareça o menos progressivo dentre eles é, no meu entender, o trabalho mais maduro da banda. Contendo pelo menos tres composições mais suaves e melodiosas, onde o arranjo vocal mereceu maior atenção em comparação ao instrumental. Curiosamente é também o único que infelizmente não teve sua capa agraciada pela arte do grande mestre Roger Deam.

Dentre as oito composições destaco: "Spirit Of The Dance" uma alegre, contagiante e magistral adaptação de uma tema do folclore irlandês, "Siam Seesaw" uma belíssima composição instrumental, com um tematica central magistral e elegante (vinheta Eldo Pop), "Joie De Vivre" (um verdadeiro clássico do progressivo - outra vinheta Eldo Pop), que logo na sua abertura, após uma breve e genial sonoplastia (de Gregg Jackman), resoa um colossal órgão tubular de igreja criando todo um clima para o belíssimo violino de Graham Smith (Van der Graaf Generator), "Melancholic Race" (outro clássico!) perfeita variação do Progressivo sinfônico ao Fusion, onde os caras mostram que sabem mandar muito bem no Jazz e por fim, fechando a indicação das melhores músicas, "Theme For An Imaginary Western" um belíssimo Blues de autoria do grande baixista Jack Bruce (Cream) e Pete Brown.

Spyglass Guest (1974)

Músicas:
1. Spirit Of The Dance (music: Dave Greenslade)
2. Little Red Fry Up (music and lyrics: Dave Lawson)
3. Rainbow (music and lyrics: Dave Lawson)
4. Siam Seesaw (music: Tony Reeves)
5. Joie De Vivre (music: Dave Greenslade, lyrics: Martin Hall)
6. Red Light (music and lyrics: Dave Lawson)
7. Melancholic Race (music: Dave Greenslade)
8. Theme For An Imaginary Western (music: Jack Bruce, lyrics: Pete Brown)

Músicos:
Dave Greenslade - Keyboards and vocals
Tony Reeves - Bass guitar
Dave Lawson - Keyboards and vocals
Andrew McCulloch - Drums
* Clem Clempson (ex-Colosseum) - electric guitar on tracks 2 and 4
* Graham Smith - Violin on track 5
* Andy Roberts - Acoustic Guitar on track 4

[Obrigado 1= Thanks 1]
[Obrigado 2 = Thanks 2]

Tributo à ELDO POP, 98.1 Mhz...ZYZ 22...FM Estéreo Eldorado...



A esmagadora maioria dos artistas e bandas que ouço, só me foi possível conhecer, em razão de uma estação de rádio em FM (que ainda engatinhava). A Eldorado FM 98.1, que tive o privilégio de ouvir dos anos de 1974 à setembro de 1978 quando infelizmente foi definitivamente "banida do ar", para dar lugar a inexpressiva 98 FM.

Essa gloriosa e saudosa rádio, conhecida como ELDO POP, surgida no final de 1971 e dirigida pelo talentoso e também saudoso BIG BOY (falecido em 1977), foi um marco na história da rádio carioca. A ELDO POP, foi primeira e única rádio FM do Rio de Janeiro, que teve a coragem e a iniciativa de divulgar o Rock Progressivo das mais diversas tendências, correntes e nacionalidades, além de divulgar o Rock, o Blues, o Eletrônico e o Jazz Rock.

Divulgava música de altíssima qualidade, tendo ou não o respectivo LP sido lançado no Brasil. Era uma rádio independente. E por tal razão, não subordinada aos interesse das gravadoras, muito diferente do que vivenciamos hoje, com uma infinidade de estações de rádio, todas medíocres, e absolutamente comprometidas com os interesses comerciais das gravadoras, que infelizmente, preferem investir em "bandinhas" e "grupelhos pentelhos" de notória incapacidade técnica, e sofrível qualidade musical em detrimento a uma série de excelentes músicos nacionais e estrangeiros.

Na ELDO POP, não existia a figura do locutor. Para ser mais preciso, existiam apenas as famosas vinhetas (trechos de músicas que faziam parte da programação) e raras eram as intervenções dos patrocinadores (comerciais). Recordo-me em especial do anúncio da Light, que se não estou enganado, tinha como trilha sonora, o trecho final da obra entitulada "Hymn to Him", do LP "Apocalypse" da Mahavishnu Orchestra.

Era uma rádio que não se acanhava em veicular músicas com mais de 20 minutos de duração sem cortes ou edições. Ouvia-se um lado completo de um LP, ou seja, ouvia-se, se fosse o caso, a obra completa. Ouvia-se apenas música, e música de qualidade e não um bando de locutores retardados falando um monte de bobagens, ou "enchendo lingüiça" com sorteios de brindes e promoções absolutamente fúteis e inoportunas.

Outra característica exclusiva do ELDO POP, era o fato de não informar os nomes das bandas que eram executadas. Esse detalhe, no meu entender, contribuiu para eternizar a ELDO POP, pois muitos de seus fiéis ouvintes, decorridos mais de 30 anos, ainda hoje, trocam informações e continuam a procurar por determinadas músicas, estejam elas gravadas em K7 ou mesmo na memória, algumas, permanecem ainda hoje, sem uma identificação de sua autoria e origem.

Infelizmente os privilegiados detentores das estações de rádio, sejam concessionários ou permissionários, em sua maioria políticos, não conseguem entender que pode-se auferir maiores lucros, com a segmentação da programação das rádios, nos moldes do que ocorre nos E.U.A. Lá existem rádios especializadas em musica country, jazz, rock, blues, progressivo e por ai vai.

A segmentação, favorece traçar um perfil muito mais exato do público alvo, viabilizando um retorno mais seguro ao anunciante, que deixa de investir seus recursos publicitários de forma aleatória, para investir com maior segurança, naquelas estações onde, em tese, seu cliente em potencial esteja habitualmente e fielmente sintonizado. Fidelidade aqui é a palavra chave, atualmente, não existe fidelidade às estações de rádio, quando começa uma "música" que não agrada ao ouvinte, ele simplesmente passa para outra estação, afinal são todas iguais e o processo continua indefinidamente, pulando daqui para lá e de cá para lá.

Inegavelmente, existe ainda a questão da legislação, no que se refere a rádio difusão. A legislação em vigor, tem como escopo, a "proteção à cultura brasileira". Em linhas gerais, a lei determina que as estações de rádio estão obrigadas a destinar uma maior fatia de sua programação às músicas de origem nacional.

Protecionista e paternalista (típica do final dos anos 70), a legislação vem em socorro à incompetência e a fragilidade musical da música nacional, mascarada sob a forma de patriotismo e valorização da "cultura nacional". Na verdade, sob o argumento de preservar e valorizar a cultura nacional, o legislador restringiu-se, simplesmente, a determinar o que devemos ou não ouvir, contribuindo assim, para uma padronização, popularização e vulgarização da programação das estações de rádio, o que resultou no banimento radiofônico da música instrumental, seja ela brasileira ou estrangeira.

A música não deve ter fronteiras, nacionalidade, cor ou quaisquer outros rótulos. É universal por natureza e qualquer medida, seja ela legal, política ou econômica, que venha a restringir sua livre veiculação é no mínimo uma atitude arbitrária, arrogante e ignorante.

Estamos submissos a um grupo de empresários e políticos, que pela limitação de suas mentalidades ou pelo "volume" de seus interesses "$", preferem facilitar e proteger a veiculação de "material reciclável", pobre e descartável, sob o ponto de vista técnico musical, ao invés de democratizar o acesso aos veículos de divulgação, promovendo uma verdadeira expansão cultural, fruto da diversidade de conceitos, línguagens e estilos. Isso sim, seria promover a verdadeira cultura!

Em razão dessa padronização radiofônica brasileira, é que hoje, uma parcela daqueles que se dedicam a árdua carreira musical, acabam por "achar" que música pode ser composta, quando muito, por três acordes básicos, entremeados por letras absolutamente medíocres e de fácil memorização. Isso é o resultado, ou melhor, o efeito colateral, da longa exposição à mediocridade radiofônica, patrocinada e difundida pelos políticos, legisladores, estações de rádios e pelas gravadoras, que negam acesso à execução pública (radiodifusão), ou edição daquelas obras que não se identificam com os pífios, mas rentáveis, padrões atualmente vigentes.

As rádios e gravadoras, ao fecharem suas portas e microfones as obras mais elaboradas e de maior qualidade técnica, estão empobrecendo a nossa cultura musical. Somente restando aos profissionais competentes, (aqueles que por puro amor a boa música, preferem o árduo e sofrido caminho do estudo e do aperfeiçoamento musical), a produção independente, que por sua vez ainda é cara, de difícil distribuição e impossível veiculação, ficando dessa forma, sua comercialização e difusão comercial restrita a algumas poucas lojas especializadas e sites na internet.
Lamentavelmente, essa é a nossa situação. Enquanto nada mudar na legislação e em decorrência nas rádios, vamos continuar a ouvir nosso bom e velho Rock'n'roll, Progressivo, Blues, Eletrônico e Jazz Rock, seja ele nacional ou estrangeiro, em nossos antigos LPs, CDs ou em MP3.

Se você teve o interesse de ler essa matéria e deseja conhecer um pouco mais sobre a Eldo Pop, visite:
Nesse excelente site, voce terá acesso as vinhetas, a listagem das bandas executadas, as famosas seqüencias, e poderá inclusive ajudar desvendar mistérios de 30 anos, baixando algumas músicas em MP3 e identificando o nome  banda. Não se preocupe se voce não conheceu a Eldo Pop, no site existe uma exemplar e minuciosa descrição de como funcionava essa inesquecível e ainda hoje (decorridos mais de 30 anos) avançada rádio.

Recentemente, os heroicos responsáveis pela administração do mencionado site, disponibilizaram uma árdua pesquisa, onde o visitante é convidado a escolher as 10 melhores da Eldo Pop. Particularmente, minha lista pessoal é bem maior e encontro muita dificuldade em escolher apenas 10, no entanto, entendo as razões que levaram a limitar o número de opções. 

Dedico esse texto à memória do BIG BOY, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte, bem como, a todos aqueles que direta ou indiretamete  participaram de alguma forma, da elaboração e manutenção da melhor rádio FM do Rio de Janeiro, e que  em razão de seus incansáveis esforços, tornaram inesquecível a ELDO POP!

Mais informações sobre o BIG BOY: http://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Boy

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Curved Air – Live – 1975

Essa pérola do progressivo inglês foi gravada em Dezembro de 1974 e é no meu entender, uma obra exemplar, perfeita e única. É um daqueles LPs ao vivo, que impressiona pela sua qualidade e capricho na produzução (pena que não o criaram como um LP duplo, material não faltava). Ainda hoje me surpreendo como em apenas sete músicas, conseguiram sintetizar toda a natureza e as diversas facetas dessa genial banda, sem deixar de mencionar que a qualidade da gravação, dos arranjos e dos improvisos são irrepreensíveis e irretocáveis, chegando, na sua totalidade, a ficarem melhores que as versões de estúdio.

Não vou alongar-me em maiores descrições, pois o Curved Air é bem conhecido pelo pessoal que curte um bom Progressivo. Sua discografia consiste-se: "Air Conditioning (70)", "Second Album (71)", "Phantasmagoria (72)", "Air Cut (73)", "Lovechild (74)", "Live (75)", "Midnight Wire (75)", "Airborne (76)", "Live at the BBC (95)". Por isso, se você não conhece o trabalho do "Curved Air", mas gosta de solos de guitarra, de violinos, de teclados e de um baixo e uma bateria sempre presente e forte, não perca tempo, baixe o material e viaje, é uma verdadeira aula de Progressivo, de Hard e de Rock. O instrumental é riquíssimo e o vocal feminino da Sonja Kristina é pujante e agradável.

Na época do lançamento do LP, me recordo que esse LP foi integralmente executado na saudosa rádio "Eldo Pop" (radio em FM do R.J., pioneira em progressivo e rock). A versão ao vivo de "It Happened Today", "Marie Antoinette", "Young Mother" e "Propositions", me deixaram absolutamente obcecado por aquela desconhecida banda (infelizmente a Eldo Pop não divulgava os nomes das bandas). Na verdade só fui efetivamente saber o nome da banda, quase dois anos depois, após muito "garimpar" pelos sebos do Rio de Janeiro, quanto consegui, finalmente comprar o 1º LP "Air Conditioning" (versão inglesa) e que até hoje guardo com muito carinho.

Live  (1975)

Músicas:
1.IT HAPPENED TODAY
2.MARIE ANTOINETTE
3.BACK STREET LUV
4.PROPOSITIONS
5.YOUNG MOTHER
6.VIVALDI
7.EVERDANCE

Músicos:
Sonja Kristina: Vocal
Darryl Way: Violino, Teclados e Vocal
Francis Monkman: Guitarra, Órgão e Sintetizadores
Florian Pilkington: Bateria e Percussão
Philip Kohn: Baixo

[Obrigado = Thanks]

Refugee - Refugee - 1974

O Refugee foi uma banda inglesa, formada por Lee Jackson no baixo e vocal, Brian Davison na Bateria, ambos ex-integrantes do Nice (antiga banda do Keith Emerson) e pelo habilidoso tecladista suiço Patrick Moraz (ex-Mainhorse), juntos fizeram um progressivo muito competente e agradável com alguma influência do fusion.

Infelizmente a carreira dessa banda teve uma vida meteórica. Lançaram somente dois trabalhos: "Refugee (74)" e "Live In Concert (74)". O primeiro em estúdio e o último fruto de uma gravação, com fins não comerciais, realizada durante a apresentação do Refugee no New Castle City Hall em 1974, que anos mais tarde foi remasterizada pela Voiceprint Records. Naquele mesmo ano de 1974, Patrick Moraz seria convidado para participar do "Yes" em substituição ao grande Rick Wakeman, no genial LP "Relayer". Esse fato, certamente contribuiu para o término das atividades do Refugee.

O único ponto negativo dessa banda fica por conta de Jackson. Não é sempre que o vocal do Lee Jackson está em sintonia com a banda, a banda merecia um vocal melhor, mas deixando-se de lado esse tropeço, o instrumental é de alta qualidade e vale a pena baixar.

Refugee – 1974*
*Essa versão em CD é antiga, por tal razão, falta a música “Gatecrasher”(1':02"), que foi incluída posteriormente.

Músicas:
1. Papillion
2. Someday
3. Grand Canyon
4. Ritt Mickley
5. Credo

Músicos:
Lee Jackson: baixo e vocal;
Brian Davison: Bateria
Patrick Moraz: Teclados

[Obrigado = Thanks]

Rick van der Linden - Ekseption - Selected (1969/1973)


Ekseption é sem dúvida alguma uma experiência sonora gratificante e única, mas infelizmente não muito conhecida. Trata-se de uma banda holandesa, liderada pelo grande e saudoso tecladista Rick van der Linden (1949-2006) que posteriormente (1974) veio a formar o Trace.

Embora não seja uma banda comprometida com a proposta do Progressivo, a beleza dos arranjos e a riqueza das variações temáticas, torna a mencionada banda imprescindível no acervo dos apreciadores da boa música. Ekseption passeia com elegante desenvoltura pelas alamedas do erudito e com surpreendente maestria e sem cerimônia alguma, invade o terreno do jazz, com igual habilidade e competência.

Não esperem do Ekseption uma sonoridade assemelhada ao Trace. Mal comparando, Ekseption esta para o Trace, assim como, o Nice esta para E.L.P. O material aqui postado, visa satisfazer principalmente aos admiradores do tecladista Rick van der Linden, da música clássica e do jazz. Se voce não gosta de Jazz e não é um ardoroso admirador da música clássica, não perca seu precioso tempo baixando este material.

Trata-se de um trabalho voltado para o estudo da música erudita e a exploração das suas inúmeras possibilidades musicais, resultando numa obra repleta de brilhantes arranjos que permeiam o Progressivo, culminando numa perfeita fusão com o Jazz.

Considerando a extensa discografia (são mais de 17 obras entre inéditos, ao vivo e compilações), decidi-me por divulgar a compilação "Selected" composta de 2cds, que engloba os trabalhos de 1969 a 1973 que consistem-se me: "Ekseption (69)", "Beggar Julia's Time Trip (70)", "3 (70)", "00.04 (71)", "5 (72)" e "Trinity (73)". Desses trabalhos, o "Ekseption" e o "Trinity" são os meu preferidos. No entanto, como o objetivo dessa postagem é fazer uma amostragem do Ekseption, creio que o material dessa postagem, irá exemplificar satisfatoriamente a trajetória dessa genial banda.

Ekseption - Selected (69/73) - CD1

Músicas:
01. The Fifth
02. Sabre Dance
03. The Moldau
04. Have Mercy On Me
05. Flight Of The Bumble Bee
06. Toccata
07. A La Turka
08. Concerto
09. Rhapsody In Blue
10. Italian Concerto
11. Romance
12. Air
13. Adagio
14. Sonata In F
15. Eine Kleine Nachmusik
16. Peace Planet
17. Violin Concerto In E minor
18. Ave Maria

Ekseption - Selected (69/73) - CD2
Músicas:
19. Virginal
20. My Son
21. Body Party
22. Monopole
23. For Example
24. The Peruvian Flute
25. Lonely Chase
26. Piece For Symphonic And Rock Group In A Minor
27. Morning Rose
28. Midbar Session
29. Pie
30. Monkey Dance
31. Choral
32. Little X Plus
33. Smile

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mona Lisa - Le Petit Violon de Mr Grégoire (1977)

Le Petit Violon de Mr Gregoire é o terceiro trabalho dessa genial banda francesa, que possui em sua discografia, pelo menos sete trabalhos, sendo eles: L'Escapade (74), Grimaces (75), Le Petit Violon de Mr Gregoire (77), Avant Qu'il Ne Soit Trop Tard (78), Vers Demain (79), De L'Ombre à la Lumière (98), Progfest 2000 (01, Live).

Mona Lisa faz um som progressivo, com características teatrais e dramáticas ao estilo de seu conterrâneo Ange. No entanto, suas composições não são baseadas na estrutura musical do Ange. Mona Lisa possui personalidade própria, evoluindo com desenvoltura entre momentos de suave reflexão a situações de alegria ou extremo conflito.

Os teclados e os solos de guitarra, principalmente na música que dá título ao LP, são absolutamente geniais e a exemplar capacidade do vocalista Dominique le Guennec em remeter o ouvinte aos mais diversos sentimentos humanos, tornam as composições originais e riquíssimas. Trata-se de uma obra imprescindível do Mona Lisa, progressivo autenticamente francês, mas que traz alguns elementos de algumas bandas italianas.

Le Petit Violon de Mr Grégoire (1977)

Músicas:
1. Le chant des glaces
2. Allons Z’enfants
3. Le publiphobe
4. Solaris
5. Le Petit Violon de Mr Grégoire
5a. La folie
6b. De toute ma haine
7c. Plus loin vers le ciel
8. La machine à théatre *
* Bonus não fazia parte do LP original

Músicos:
Pascal Jardon: guitarra e violão
Jean Paul Pierson: Piano, Órgão e sintetizadores
Jean Luc Martin: Baixo e Vocal
Francis Poulet: Bateria, Percussão e Vocal
Dominique le Guennec: Vocal principal, Flauta e sintetizadores

[Obrigado = Thanks]

Journey - Journey (1975)

Para quem não conhece os primeiros trabalhos do Journey, deve estar pensando: "- Pô, qual é a desse cara? Agora vai ficar postando "rockinho" de comercial de cigarro! Putz... esse cara devia parar de beber!" Se foi alguma coisa parecida que passou pela sua cabeça, prepare-se para surpreender-se. O Journey que quero apresentar, não guarda qualquer relação com o "atual" Journey, que ganha o pão nosso de cada dia, vendendo "rockinho" pré-fabricado, voltado para um público de consumo imediato do tipo "fast food".

A história da formação do Journey é longa, por isso, vou restringir-me apenas ao primeiro e terceiro trabalhos. Journey (1975) e Next (1977). Propositalmente vou deixar de fora o Look into the Future (1976) - não consigo gostar desse trabalho e o Infinity (1978), pois embora, esse último ainda tenha alguma coisa de bom, foi esse álbum que marcou o início das composições do tipo "fast food" e depois dele, quase nada restou do Journey original. Perdoem-me aqueles que conseguem ouvir algo de interesante nos trabalhos posteriores do Journey, mas essa é minha opinião.

Journey é uma banda estado-unidense (da Califórnia), formada pelo exímio guitarrista Neal Schon e pelo tecladista e vocalista Gregg Rolie, que juntos decidiram abandonar a banda do grande Carlos Santana e saíram a procura de outros músicos que tivessem interesse em desenvolver um trabalho no estilo da Mahavishnu Orchestra, porém mais hard. Não tardou muito encontram o baixista Ross Valory que já havia tocado na Steve Miller Band (1971) e o guitarrista George Tickner. Em 1974, conheceram o baterista inglês Aynsley Dunbar que naquela época, já havia tocado com muita gente de respeito como Jeff Beck, Frank Zappa and John Mayall, estava formado assim o verdadeiro Journey.

O primeiro trabalho é o mais espacial e progressivo, já revelando uma parcela de hard rock, dentre os três primeiros trabalhos. Tudo nesse LP esta muito bem equilibrado e na medida certa. As sete músicas que o compõem, possuem um encadeamento perfeito, a única exceção fica por conta da quarta faixa "To Play Same Music", que interrompe abruptamente, o até então perfeito encadeamento das composições. Embora seja a música mais fraca do LP, parecendo que foi incluída na expectativa de tornar-se um "sucesso" comercial, os caras aproveitam as brechas e mostram que sabem tocar muito.

Com um vocal melodioso, agradável e as vezes deseperado, arranjos vocais e instrumentais muito bem elaborados, teclados, guitarras, baixo e bateria "quebrando o pau" e não deixando "vazios" instrumentais, o Journey cria seu estilo próprio e forte.

Destacam-se nesse trabalho: Of A Lifetime, Kohoutek, Topaz, In My Lonely Feeling/Conversations e Mystery Mountain. Recordo-me que naquela época (1978), eu viajava muito nos solos dos teclados e guitarras e na excepcional alternância entre a calmaria e a explosão.


Journey (1975)

Músicas:
1. Of A Lifetime
2. In The Morning Day
3. Kohoutek
4. To Play Same Music
5. Topaz
6. In My Lonely Feeling/Conversations
7. Mystery Mountain

Musicos:
Neal Schon - Guitarra solo
Gregg Rolie - Teclado e vocal
Ross Valory - Baixo
Aynsley Dunbar - Bateria
George Tickner - Guitarra rítmica

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Journey - Next - (77)


No meu entender este é o melhor trabalho do Journey. Recuperados pela saída do guitarrista base George Tickner, notoriamente sentida após uma investida sem nehuma "alma" no Look Into The Future (76). A banda finalmente acerta. A começar pela arte da capa, que oferece uma excelente brincadeira com o ouvinte. Olhando a capa frontal, voce nem pensaria em ouvi-lo, pensando tratar-se de música "disco" ou algo do gênero, os caras parecem uns "viadinhos", no entanto, a contracapa releva as reais intenções do LP. Nem dá pra ver "as bilhas" dos caras, "chapado" é pouco. Avaliando-se a imagem no LP, os olhos são apenas traços embedidos de sangue.

O Next, continua com uma sonoridade Espacial e Progressiva, mas ficou ligeiramente mais Hard. Na "People" os teclados lembram muito o grande tecladista Jan Hammer (Mahavishnu). As músicas "Hustler", "Next", "Nickel and Dime" e "Karma" são simplesmente brilhantes, Neal Schon não perde tempo e manda ver em excelentes solos, sempre muito bem acompanhado pelos teclados, bateria e baixo. É um trabalho digno de ser ouvido e tem lugar garantido em qualquer coleção de respeito. Para melhores resultados, recomendo ouvir com o volume no "Red".(Essa recomendação é plágio do 1º LP do Rush).

Como o "sucesso" não se concretizava, depois desse exemplar trabalho, resolveram incorporar um vocalista solo. A responsabilidade recai sob Steve Perry e lançam o Infinity (78). Ai... ferra tudo! O Journey sucumbe ao seu primeiro grande sucesso comercial e como não podia deixar de ser, veste a camisa do "easy money", se contagia de forma irremediável e por incrível que possa parecer, NÃO MORRE! Infelizmente.

Next (1977)

Músicas:
1. Spaceman
2. People
3. I Would Find You
4. Here We Are
5. Hustler
6. Next
7. Nickel and Dime
8. Karma

Músicos:
Neal Schon - Guitarra
Gregg Rolie - Teclado e vocal
Ross Valory - Baixo
Aynsley Dunbar - Bateria

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Robertinho de Recife – Jardim Da Infância - 1ºLP

Enquanto tentava recuperar os dados de um velho HD, encontrei uma preciosidade brasileira que ficou esquecida pela absoluta falta de tempo em aprimorar sua qualidade sonora.

Infelizmente a matriz em MP3 (que deixo de consignar a origem por não ter tomado a cautela de anotar) estava gravada em apenas 128 kbps, o que por si só, já limita qualquer tentativa de aperfeiçoamento sonoro. Fiz o que foi possível, milagre não faço.

Após uma cuidadosa seção de Sound Forge, acho que deu para recuperar pelo menos em parte a qualidade do LP (que diga-se de passagem, também não é das melhores).

Robertinho de Recife, sem sombra de dúvida, foi um dos guitarristas brasileiros mais injustiçados pelo público, pela critica e principalmente pelas gravadoras. Ao longo de sua carreira já fez de tudo um pouco, acompanhou vários grandes nomes da MPB, passou por uma fase heavy, formou a “Bunda”, oops, digo, banda Yahoo (com o evidente intuito de colocar uns trocados no bolso), enfim, o cara é “cascudo” e hoje é produtor musical, arranjador e ao que parece nem pensa em voltar aos palcos (lamentavelmente).

Essa obra inaugural tem de tudo e muito mais e é a prova cabal dessa irremediável injustiça. Robertinho consegue mesclar e impor com maestria os ritmos brasileiros ao Jazz e ao Jazz-rock, é uma verdadeira façanha no que se refere a arranjo, composição e execução. É de uma beleza, complexidade e competência técnica e artística exemplar.

Preste atenção à música “Chamada”, é magnífica a fusão do som brasileiro com o mais genuíno jazz- rock ao estilo Mahavishnu. A perfeita integração do cello, do baixo acústico, do trumpete com a guitarra e a guitarra portuguesa é obra de quem sabe das coisas. Outras que impressionam são “Sinais”, “Idade Perigosa”, “Ao Romper D’Alva” e “Agrestina”.

Fagner foi o produtor dessa jóia e escolheu a dedo os músicos que participam desse trabalho, que conta com: Chico Batera, Marcio Montarroyos, Sivuca, Itiberê, Jamil Joanes, Nivaldo Ornellas, Wagner Tiso dentre muitos outros.

O arquivo contém a capa, contracapa e encarte com a ficha técnica completa e individualizada por músicas.

Jardim Da Infância

Músicas:
1 - Frevo dos palhaços
2 - Jardim da infância
3 - Sinais
4 - Idade perigosa
5 - Ao romper D'Alva
6 - Chamada
7 -Acalanto para um punhal
8 - Agrestina
9 - Cor de rosa, cor do amor

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Casa Das Máquinas – Lar de Maravilhas – 1975

Estávamos em 1975, a repressão política e o subseqüente cerceamento do direito de expressão eram atos rotineiros e considerados legítimos pelos governantes, Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979). Para quem não era nascido ou era muito pequeno, é muito difícil entender o quadro político e social daquela época.

Somente para exemplificar, não se podia ler aquilo que não fosse do interesse do “Poder” constituído. Eu mesmo, nesse período, somente conseguia ler alguns dos exemplares do periódico e alternativo Jornal Pasquim (que contava com uma equipe de respeito como: Paulo Francis, Tarso de Castro, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, Ferreira Gullar e muitos outros.), graças à astúcia do jornaleiro da esquina, que às vezes conseguia esconder um único exemplar antes da edição ser retirada de circulação. Fazia-se uma fila de espera para termos acesso aos raros exemplares “caçados”, que eram avidamente lidos, escondidos dentro da própria banca.

Cabelos longos eram sinônimos de maconheiro, marginal, bicha ou subversivo, verdadeiros inimigos internos. Uma simples e descuidada opinião em um bar, poderia ser o passaporte para um recolhimento involuntário e por vezes eterno no (DOI-CODI) Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna.

Bom, essa conversa toda, visa apenas mostrar como era difícil viver e criar naquela época, principalmente para as artes, fossem literárias, gráficas ou musicais.

Mas vamos ao que interessa. O Casa das Máquinas, com o seu 2º LP (Lar de Maravilhas) consolidou o conceito do que deveria ser o verdadeiro progressivo brasileiro. Na minha opinião, foi o melhor trabalho da banda e sem sombra de dúvida alguma, uma das melhores bandas de Rock Progressivo, senão a melhor, que o Brasil já teve.

“Já se pode sentir embora longe, os reflexos de uma revolução biológica, que vai se agigantando a cada momento que passa. A vida esta se modificando. A luz da transformação vem de todos os espaços, vem do infinito, onde máquinas e homens jamais conseguirão registrar ou ver, vem também do interior do próprio homem, onde Raio x de ciência alguma poderá revelar.”
(B.J.Aroldo)

Acredito que o texto acima, retirado da capa interna do LP, seja suficiente para evidenciar o quão estava adiantada a mentalidade dos integrantes dessa fantástica banda. As excelentes letras, os primorosos arranjos e o flagrante virtuosismo dos músicos, são uma constante em todo o LP.

Lamentavelmente, provavelmente por pressão da gravadora (Som Livre) e a nova formação da banda, o Casa das Maquinas não deu continuidade à linha progressiva, dando maior ênfase ao Rock.

Lar de Maravilhas – 1975

Músicas:
1- Vou Morar no Ar
2- Lar de Maravilhas
3- Liberdade Espacial
4- Astralização
5- Cilindro Cônico
6- Vale Verde
7- Raios de Lua
8- Epidemia de Rock
9- O Sol Reflexo Ativo

Ficha Técnica:
- LUIZ FRANCO THOMAZ – (NETINHO): Bateria, Percussão, Fala.
- JOSE AROLDO BINDA – (AROLDO): Violão, Guitarra, Vocal.
- CARLOS ROBERTO PIAZZOLI – (PISCA): Guitarra, Guitarra 12 Cordas, Órgão Yamaha, Baixo, Violão.
- CARLOS DA SILVA – (CARLOS GERALDO): Baixo, Doble Baixo, Vocal.
- MARIO TESTONI JR. – (MARINHO): Hammond, Órgão Yamaha, Clavinet, Moog, Melotron, Piano De Cauda, Piano Fender.
- MARIO FRANCO THOMAZ – (MARINHO): Bateria, Percussão, Vocal.

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domingo, 4 de outubro de 2009

Citizen Cain - Serpents In Camouflage – 1992


Na minha singela opinião, Citizen Cain foi uma das melhores surpresas no que se refere a bandas de Progressivo surgida na década de 90.

Formada inicialmente por cinco músicos escoceses, eles fazem um progressivo de primeira qualidade, ficando evidente ao longo de toda a obra, que são músicos extremamente competentes e criativos. Inclusive o próprio Cyrus (vocalista) incumbiu-se até de executar a arte das capas. A arte do Cyrus, (embora possua uma forte influencia do mestre Salvador Dali), esta repleta de bizarros elementos religiosos, místicos e míticos que chegam a perturbar.

No Serpents In Camouflage (meu preferido), é impossível não comparar com a obra do Gênesis ou do Marillion. No entanto, mesmo existindo uma forte influência dessas bandas na concepção da linha melódica, Citizen Cain, desenvolve um trabalho com personalidade própria, forte, criativa, repleta de exemplares arranjos envolvendo incontáveis momentos e movimentos de grandiosa beleza e técnica.

A semelhança do vocal do Cyrus com Peter Gabriel é evidente, mesmo assim, Citizen Cain impressiona, extrapolando muito os limites daquilo que se poderia rotular como um simples clone.

São belíssimos solos de guitarra, intercalados e entrecortados por muitos solos de teclado, cuidadosamente tecidos em uma trama complexa, onde o vocal interage verdadeiramente como um instrumento, sem se sobrepor aos demais instrumentos.

Desse “caldo” homogêneo, pois todos participam das composições, surge o verdadeiro e bom progressivo, repleto de nuances e variações propícias a uma longa e prazerosa “viagem”.

Infelizmente Citizen Cain, padece do mesmo mal que assombra ou assombrou outras tantas bandas. A inconstância de seus integrantes. Esse fato não contribui favoravelmente ao amadurecimento musical, nem tão pouco, a formação de uma personalidade própria tão necessária a uma banda que pretenda se destacar no universo do Progressivo. Em razão disso, cada um dos trabalhos do C.C. possui características absolutamente distintas e às vezes, não tão geniais.

Citizen Cain, apenas no Serpent In Camouflage é composto:

Frank Kennedy: guitarra
David Elam: baixo
Stuart Bell: teclados
Chris Colvin: bateria
Cyrus: Vocal (Letras)

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Nine Days Wonder – We Never Lost Control (1973)


Consegui essa preciosidade numa viagem que fiz há muitos anos, ao maravilhoso estado do Rio Grande do Sul. Observei a capa e por pouco não ficou na caçamba da loja, mas por sorte resolvi ouvi-lo. Em menos de 1 minuto, deu para perceber que estava diante de um som original e genial. Na medida em que passava pelas faixas, percebi que havia sido agraciado com uma banda que tinha pelo menos 4 músicas, que foram com freqüência executadas na saudosa Eldo-Pop (Radio FM no R.J. - Pioneira em Prog. e Rock).

N.D.W. foi uma banda alemã que gravou pela Bellaphon, possuindo uma discografia de quatro discos. Nine Days Wonder (71), We Never Lost Control (73), Only the Dancers (75), Sonnet to Billy Frost (76), dos quais só conheço os dois primeiros, sendo o segundo o meu predileto.

Trata-se de um Progressivo, com forte influencia de Fusion, Hard e Psicodelismo. É um trabalho extremamente original e competente em seus arranjos, bem como, na evolução melódica, sem perder no entanto, o enfoque da proposta do Progressivo Alemão.

Esses cinco alemães, fazem um som encorpado, maduro e repleto de dissonâncias ao estilo Gentle Giant e Van der Graaf. No entanto, a evidente condução pelos teclados e a (eventual) discordância com os saxofones (genialmente contrapostos por Münster), pode não agradar a todo o ouvinte, por trazer um sentimento de conflito e conturbação, chegando a parecer até excessivamente experimental. Mas felizmente o trabalho no geral acaba ficando muito bem equilibrado, com o auxílio de uma guitarra genial (belíssimos temas e bom gosto no uso dos pedais), de um baixo e uma bateria de respeito e um vocal em inglês muito bem elaborado.

Não vou recomendar nenhuma música para audição em especial, pois estamos falando de um disco perfeito do início ao fim. A única exceção seria quanto a Fisherman’s Dream, na qual peço especial atenção à letra.

We Never Lost Control (1973)

Músicos:
Walter Seyffer: Vocal, percussão e efeitos
Michael Bundt: Baixo
Hans Frauenschuh: Guitarra
Hyazintus: Bateria
Freddie Münster: Saxes, Piano, Orgão, Mellotron, Moog e Sintetizadores.

Músicas:
1- Days In Bright Light – 5:32
2- Fisherman’s Dream – 3:49
3- Andromeda Nomads – 5:30
4- The Great Game – 3:27
5- Angels Due To Arrive – 4:30
6- We Grasp The Naked Meat – 9:11
7- Armaranda – 3:22

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Ange - Au-Delà Du Délire (1974)


Essa banda francesa, fundada e liderada por Christian Decamps, faz um trabalho teatral, dramático, narrativo, original, e inquietante. São longos anos de estrada que começaram em 1970 permanecendo em atividade até 2005, resultando em nada menos que 37 trabalhos editados, entre LPs e CDs de estúdio, apresentações em festivais e Gravações ao Vivo.

No entanto, como quantidade nunca foi ou será, sinônimo de qualidade e desconheço a maioria dos trabalhos, posso apenas manifestar minha preferência pelo Au-Delà Du Delire, pelo Emile Jacotey, e pelo Le Cimetière des Arlequins, nessa respectiva ordem.

Não existe qualquer outra banda de Progressivo que se possa relacionar, ou comparar, com o som dessa genial banda, talvez o "Atoll" (outra banda francesa) no LP “L'araigne-mal” e assim mesmo, com muitas reservas. Também não adiantaria eu me utilizar de qualquer rótulo musical na tentativa de definir o som do Ange.

Poderia arriscar, sob risco de severos protestos, que o Ange possui uma leve semelhança musical com algumas bandas italianas, acrescida de uma "pitada" de Gentle Giant e uma leve "untada" de Van der Graaf, mas essa receita, torna-se de pouca valia e não faz justiça a genialidade musical dessa excepcional banda francesa.

Ange não existe para ser apenas escutado. Deve ser ouvido! Não existem na obra que aqui divulgo, grandiosos solos, ou evidentes virtuosismos musicais. O que existe, são belíssimos arranjos, uma ampla criatividade e uma evidente predominância do vocal e suas inumeráveis "filigranas" artísticas sobre os demais instrumentos.

Em suma, Ange é uma experiência única que deve ser degustada lentamente, pois a cada nova audição, uma nova realidade se desdobra.

Au-Delà Du Délire (1974)

Músicos:
Jean-Michel Brezovar:Guitarra
Christian Decamps:Piano e Vocal
Francis Decamps:Teclados e Vocal
Gérard Jelsch: Bateria e percurssão
Daniel Haas: Baixo
Henry Loustau: Violino
Eric Bibonne: Vocal
Michel Lefloch: Vocal

Músicas:
1. Godevin Le Vilain (Godevin o Vilão)
2. Les Longues Nuits D'Isaac (As longas noites de Isaac)
3. Si J'étais Le Messie (Se eu fosse o Messias)
4. Ballade Pour Un Orgie (Balada para uma Orgia)
5. Exode (Êxodo)
6. La Bataille Du Sucre (Inclus La Colere Des Dieux) (A Batalha de Açúcar )
7. Fils De Lumière (Filho da Luz)
8. Au-Delà Du Delire (Além do Delírio)

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Peter and the Wolf (1976)


Esse trabalho foi baseado na obra Pedro e o Lobo de Sergei Prokofiev (1891 – 1953). Composta em 1936, foi originalmente concebida com intuito pedagógico de familiarizar as crianças aos sons dos instrumentos.

Como se trata de uma estória musical, cada música é dedicada a um personagem ou a uma determinada situação, que são introduzidas por um narrador. A narração na versão em inglês, ficou sob a responsabilidade de Viv Stanshall.

A título apenas de curiosidade, tem gente que confunde “as bolas” e acaba espalhando por aí, que existe uma versão em português narrada por Roberto Carlos, puro engano, nunca existiu uma versão em português desse trabalho. O que existe na verdade, é uma versão clássica, em português, narrada pelo “Rei” Roberto, gravada pela CBS no ano de 1970, executada pela New York Philharmonic e regida por Leonard Bernstein.

Jack Lancaster e Robin Lumley (idealizadores do presente projeto) convidaram um naipe de músicos de respeito e desenvolveram essa magistral adaptação para o Rock dessa magistral e eterna obra infantil.

Muito embora, todos os integrantes do Brand X participem desse trabalho, não existe qualquer semelhança com o som do Brand X. Em razão da diversidade de estilos e técnicas (dos músicos convidados) o resultado é uma fusão perfeita e irretocável entre rock, progressivo e clássico.

Peter and The Wolf - "Brand X" (1976)

Personagens e músicos:
- Narrador / Viv Stanshall
- Peter / Manfred Mann
- Bird / Gary Brooker
- Duck / Chris Spedding
- Duck / Gary Moore
- Cat / Stephane Grappelli
- Wolf / Brian Eno
- Pond / Keith Tippett
- Grandfather / Jack Lancaster
- Hunters / Jon Hiseman, Bill Bruford, Cozy Powell, Phil Collins

Musicos adicionais:
- John Goodsall, Pete Haywood, Alvin Lee / guitars
- Percy Jones, Andy Pyle, Dave Marquee / bass
- Robin Lumley / keyboards
- Cozy Powell & Phil Collins / drums
- Bernie Frost, Julie Tippetts, The English Chorale / vocals

Enfim, trata-se de uma verdadeira raridade do Rock Progressivo, que chegou a ser lançada no Brasil em LP em 1976, com um magnífico encarte, muito bem ilustrado por Mike Cosford. Infelizmente, (que eu saiba) até a presente data, não existe qualquer edição em CD, que tenha sido editada com o respectivo encarte.

No entanto, para felicidade geral dos admiradores dessa preciosidade, estamos disponibilizando em primeira mão no formato 12cm x 12cm, o encarte na íntegra, obtido de uma versão em vinil de origem inglesa. (Não tem texto em português). São doze imagens que podem com alguma habilidade (no Corel Draw) e paciência, serem montadas na forma de livreto.

Espero que apreciem.

[Obrigado 1 = Thanks 1]
[Obrigado 2 = Thanks 2]
Encarte: [Obrigado 3 = Thanks 3]

FLAC (Free Lossless Audio Codec).
Trata-se de um compressor de áudio, onde não há perda de informação, além de alcançar uma elevada taxa de compactação. Isso implica em dizer que toda a informação sonora contida na matriz (CD original) foi efetivamente aproveitada, resultando em arquivos do tipo “Wave”, de alta qualidade, prontos para serem transferidos para um CD de áudio. Para baixar o programa gratuito para descompactar ou compactar arquivos em FLAC, visite:
http://flac.sourceforge.net/

Finch – Beyond The Expression (1976)


Finch foi uma banda holandesa formada em 1973 e que permaneceu em atividade até 1977, fazendo parte de sua discografia: Glory Of The Inner Force (75), Beyond Expression (76), Galleons Of Passion (77). Existe um boato “informando” que existe um primeiro trabalho, além dos já mencionados e que corresponderia ao período de 1973 à 1974, no entanto, não posso opinar, pois nunca soube de sua existência e não conheço ninguém que o possua.

Beyond the Expression, segundo trabalho do Finch, possui apenas três músicas, são pouco mais de 43 minutos muito bem aproveitados pela banda, que procura tirar o máximo proveito desse tempo para mostrar seu brilhante trabalho, que está entre o Progressivo, o Jazz Rock , o Fusion e o Rock. Embora as composições possuam uma elaborada e intrincada natureza, geralmente são baseadas em recorrentes temas centrais cíclicos. Mas isso não implica em sinônimo de chatice, muito pelo contrário. O “Pau quebra” a todo o instante com exemplar virtuosismo e competência e a facilidade com que a música flui ao tema principal é desconcertante.

As composições são notoriamente conduzidas pela guitarra de Nimwegen, que foi fortemente influenciado pelo seu conterrâneo Jan Akkerman (Focus), revelando ainda, muita coisa da genialidade de Steve Howe (Yes) e de Andrew Latimer (Camel) em diversos e brilhantes momentos, mas não é raro perceber-se uma certa influencia de John Etheridge (Soft Machine).

Em suma, trata-se de uma obra que pode com facilidade agradar a “Gregos” e “Troianos”. Recomendo com veemente certeza, que após algumas atentas audições, este disco terá um lugar de destaque em sua coleção.

Beyond The Expression (1976)

Músicos:
Joop Van Nimwegen: guitarras
Cleem Determeijer : teclados
Peter Vink : baixo
Beer Klaasse :bateria

Músicas:
A Passion Condensed - 20:09
Scars On The Ego – 8:54
Beyond The Bizarre – 14:24

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Druid - Toward The Sun (1975)




Para quem ainda não conhece o Druid, trata-se de uma banda inglesa de rock progressivo que chegou a lançar dois discos o Toward The Sun (75) e o Fluid (76) e sendo assim, aí esta uma excelente oportunidade para conhecer o primeiro e melhor trabalho dessa genial banda.

Não vou tecer exaustivos e infrutíferos comentários acerca da originalidade da mencionada banda, em razão da evidente influência do Yes nas composições, nos arranjos ou no vocal, principalmente quando avaliamos o Toward the Sun. Mesmo porque, acredito não passar de um acontecimento injusto, porém rotineiro à muitas outras excelentes bandas, como ocorre com Triunvirat x ELP, Citizen Cain x Genesis, dentre outros que não cabe aqui enumerar.

O que realmente importa, é que nesse trabalho, eles executam com competência, elegância e maestria um som progressivo de altíssima qualidade. Com interessantes teclados, um baixo com uma excelente timbragem, um vocal suave, e melodioso e um coral muito bem arranjado pelo tecladista, ou seja, não dá para se ignorar essa banda.

Com uma estrutura musical muito bem elaborada, timbres interessantíssimos, fluência, harmonia e técnica de altíssimo nível, (não espere grandes solos e exibições de virtuosismo) o trabalho impressiona. É tão bom, que muita gente maliciosamente rotula a banda como um simples clone do Yes. Na verdade esse fato, contribui decisivamente em favor de uma audição mais minuciosa. Na minha opinião, é um trabalho imprescindível na coleção dos apreciadores do bom e velho Progressivo.

Toward The Sun (1975)

Faixas:
1. Voices (8:14)
2. Remembering (5:24)
3. Theme (5:26)
4. Toward the Sun (5:08)
5. Red Carpet for an Autumn (3:09)
6. Dawn of Evening (10:03)
7. Shangri-La (10:08)

Músicos:
Neil Brewer / Baixo
Dane / Guitarra e Vocal
Andrew McCrorie -Shand/ Teclado
Cedric Sharpley / Bateria

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Machiavel - Jester (1977)


Em 1974 na Bélgica, Roland De Greef (baixista) e Marc Ysaye (baterista e vocal) tocavam numa banda chamada Boby Dick. Estavam insatisfeitos com o marasmo musical belga. Naquela época (1975-76), o Progressivo já estava consolidado em toda a Europa, menos na Bélgica. Não havia nenhuma banda belga, de prestígio, tocando progressivo. Não demorou muito, encontraram Albert Letecheur (tecladista) e juntos decidiram formar a primeira banda de progressivo belga, nascia o Machiavel.

Com Roland De Greef no baixo, Marc Ysaye na baterista e vocal, Albert Letecheur nos teclados e Jack Roskam na guitarra, lançaram em abril de 1976 seu primeiro LP chamado “Machiavel”. Em 1977, motivados pela boa aceitação do primeiro LP e contando agora com Jean-Paul Devaux nas guitarras e Mario Guccio no vocal principal, a banda lança seu segundo LP “Jester”. É com esse trabalho que a sonoridade do Machiavel se torna madura.

Jester é um bom trabalho, revestido de brilhantes momentos, algumas demonstrações de grande originalidade e inúmeros momentos melódicos de fácil assimilação e memorização. Não espere grandes demonstrações de virtuosismo e técnica de seus integrantes, são competentes, mas não ousam uma performance mais complexa. Basicamente, essa obra, guarda alguma semelhança com a sonoridade do Supertramp. No entanto, vou aqui discordar da maioria autores de resenhas. Machiavel não tem nada em sua estrutura musical, que indique alguma semelhança com o Genesis. É um progressivo, original, suave, agradável e Belga (eles conseguiram!). Se tivessem cantado em francês, talvez fossem comparados ao Ange. (rsrsrs).

Um detalhe, quanto à capa, não pode deixar de ser mencionado. Não vou ficar aqui me lamentando com coisas do tipo: “...como era bom nos tempos do vinil...”, mas é incontestável que o CD destruiu a arte gráfica dos LP. Mas nesse caso em especial, tive a oportunidade de ter em mãos o LP original belga, que se consiste em um belíssimo álbum duplo, que ao abrir-se, revela em toda sua área interna, um magnífico desenho erótico de uma... “Suruba” (com letra maiúscula mesmo). O desenho era quase “pornográfico” para os padrões de meados dos anos 70. Não faz muito tempo consegui uma versão em CD de origem francesa (94) e para minha surpresa, decorridos 17 anos, não é que “decidiram” mudar o desenho interno, para uma versão mais “light”. Quanta hipocrisia... de qualquer forma, segue a imagem interna do CD.

Com essa mesma formação, Maquiavel lançou mais dois álbuns: “Mechanical Moonbeams’’ (78) e ‘‘Urban Games’’ (79). Mas infelizmente, severas divergências quanto às mudanças propostas na estrutura musical do Machiavel, levaram a saída de Albert Letecheur (um dos pilares do Machiavel) e a substituição do guitarrista Jean-Paul Devaux por Thierry Plas. Machiavel nunca mais seria o mesmo e a banda continuaria em seu novo projeto ainda por muitos anos, sem no entanto, jamais retornar ao progressivo”.

Jester (1977)

Músicas:
1. Wisdom
2. Sparkling jaw
3. Moments
4. In the reign of queen pollution
5. The jester
6. Mister street fair
7. Rock, sea, and tree
8. The birds are gone *
9. I'm nowhere *
*November 1974 Previously unreleased

Músicos:
Albert Letecheur: grand piano, electric piano, honky tonk piano, harpsichord, string ensemble, Mellotron, synthesizers, tubular bells, glockenspiel;
Roland De Greef: bass, cellobas, 6 & 12 strings acoustic guitar, carillon, bells, whistle, comb, tape effects, vocals;
Marc Ysaye: drums, vocals, tamborine, maracas, gong, wood blocks, glass blocks, broken glass, bells tree, sleigh bells, flextone, nutcracker;
Mario Guccio: vocals, flute, sax, clarinet;
Jean-Paul Devaux: electric guitar, 6 & 12 strings acoustic guitar, vocals;

[Obrigado = Thanks]

Kyrie Eleison - Fountain Beyond The Sunrise - (1976)

Kyrie Eleison é uma expressão grega que significa: Senhor, tende misericórdia de mim.

Formada em 1974 por três amigos de escola: Gerald Krampl (teclados), Felix Rausch (guitarras) e Karl Novotny (bateria) juntamente com Wolfgang Wessely (vocal) e Gerhard Frank (baixo) formaram a estrutura musical do Kyrie Eleison. Entre os anos de 1974/1975, gravaram seu primeiro LP “The Blind Windows Suíte”, que em linhas gerais é bem mais agressivo que o “Fountain Beyond The Sunrise”.

Somente um ano depois, com a saída do guitarrista, do baixista e do vocalista e o ingresso dos músicos Manfred Drapela, Norbert Morin e Michael Schubert é que começaram a efetivamente excursionar pela Áustria, nascendo em 1976, o projeto de lançar o segundo LP “Fountain Beyond The Sunrise”. Nesse ano abriram muitos concertos com bandas já renomadas como; Van der Graaf, Amon Düül, Eela Craig, Colosseum. Mas infelizmente, o álbum não decolou, vendendo pouco mais de mil cópias, resultando em 1978 no abandono da carreira musical por parte de Karl Novotny and Manfred Drapela, não tardando, em que pesasse os esforços de Gerald no definitivo encerramento do Kyrie Eleison.

Kyrie Eleison é uma excelente banda Austríaca, onde logo de cara percebe-se uma evidente semelhança estilística com o Gênesis. Na verdade, essa obra, em particular, faz lembrar os primeiros trabalhos (Nursey Crime, Foxtrot e até mesmo o Trespass).

Trata-se de Rock progressivo de primeira linha, não cabendo em hipótese alguma, questionar a originalidade e competência da banda em razão da evidente influencia do Genesis.

Kyrie Eleison mescla com maestria suaves e melódicas passagens de piano, órgão e melotron com um som mais encorpado e pesado. Muito embora exista uma nítida condução da linha melódica pelos teclados por parte do Gerald Krampl, a maturidade musical da banda torna-se evidente, na exemplar e perfeita harmonia e sincronia entre a condução do teclado, e as performances da guitarra, baixo, batera e vocais.

Os vocais do Michael Schubert (é isso mesmo, no plural mesmo), são uma experiência ímpar e digna de nota. Suaves, elegantes e teatrais como Peter Gabriel, mas em algumas passagens visceral e angustiante como Peter Hammil (Van der Graaf).

Em fim, é uma obra que não pode faltar no acervo de quem aprecia um bom Progressivo.

Fountain Beyond The Sunrise (1976)

Músicas:
1. Out of dimension (10:10)
2. The fountain beyond the sunrise: (14:20)
a) Reign
b) Voices
c) The last reign
d) Autumn song
3. Forgotten words (8:44)
4. Lenny (16:42)
5. Mounting the eternal spiral (11:12)

Músicos:
Manfred Drapela - Acoustic & Electric Guitars, Backing Vocals
Gerald Krampl - Keyboards, Synthesizers, Mellotron, Backing Vocals
Norbert Morin - Bass, Bass Pedals, Acoustic Guitar
Karl Novotny - Drums, Percussion, Backing Vocals
Michael Schubert - Lead Vocals, Percussion

[Obrigado = Thanks]

Kyrie Eleison - The Blind Windows Suite (1974 - 1975)



The Blind Windows Suite é um trabalho completamente distinto do Fountain Beyond The Sunrise, a começar pelos seus integrantes, em especial o guitarrista, o baixista e o vocalista que emprestaram uma personalidade absolutamente original ao Kyrie Eleison, inconstante, agressiva e às vezes plácida e serena.

Com uma evidente supremacia da guitarra sobre os demais instrumentos, um baixo sempre presente e timbrado (Rickenbaker) e com vocais menos elaborados o som ficou muito mais encorpado, pesado e tempestuoso.
Embora ainda existam algumas passagens suaves e elegantes no estilo Gênesis, o som ataca com mais contundência e não é raro encontrar alguma semelhança, aqui e ali, com o Eloy (nos primeiros trabalhos), mas por se tratar de uma obra muito dinâmica, sob o ponto de vista dos arranjos, fica impossível tentar descrever o trabalho usando a analogia com outras bandas.

São mais de 74 minutos de excelente música que se emaranha com originalidade, desenvoltura e extrema competência com o progressivo, o hard e o rock. Vale a pena ouvir é uma “porrada”.


The Blind Windows Suite

Músicas:
1. Ouverture
2. Autumn Evening
3. Thoughts On A Gloomy Day
4. Man Is A Wanderer
5. A Friend
6. June
7. Daydream
8. Get Me More
9. Climbing
10. Winter Train

Músicos:
+ Wolfgang Wessely / Vocal
- Gerald Krampl / Teclados
+ Felix Rausch / Guitarras, Vocal
+ Gerhard Frank / Baixo
- Karl Novotny /Bateria

[Obrigado = Thanks]